23 de março de 2007

RIACHOS E AS SUAS ALCUNHAS

RIACHOS E AS SUAS ALCUNHAS Na tradição popular riachense está fortemente implantado o uso de alcunhas, ou apelidos, se assim lhes quisermos chamar. De tal forma que, ao proceder à sua recolha – por achar interessante este aspecto dos costumes da nossa gente – me surpreendeu o seu elevado número. A sua origem perde-se no tempo! Porém, a julgarmos pelas mais recentes, as que porventura ajudámos a criar, concluímos que quase sempre são motivadas por coisas sem importância, por pequenos nadas: um dito inoportuno ou um simples tique nervoso; porque se é gordo ou excessivamente magro, se tem mau feitio ou se é borracherão; porque se tem um defeito físico ou até pela cor da pele. Mas também, por acções que nada prestigiam aquele que as pratica. A verdade é que muitas vezes se é mais conhecido pela alcunha que pelo próprio nome. E se há quem não aceite com agrado, também há quem não a dispense e a use para melhor se identificar. Consta que um patrício nosso disse, com certa brejeirice, a alguém que, devendo dirigir-se a sua casa, não sabia bem onde ficava: – Quando chegar ao «Riachos» pergunte pelo mocho que não há lá mais nenhum! Sabendo-se que em Riachos ninguém ignora a base de malícia que aquela expressão contém, todos os riachenses a usam, de facto, com malícia, aquele homem assumia a sua alcunha com a maior naturalidade. Entendia, e bem, que as alcunhas só desprestigiam se quem as profere o faz maldosamente, com intenção de ofender o seu semelhante. Diga-se, de resto, que algumas assentam que nem uma luva. E quando assim é, propagam-se como o fogo; correm de boca em boca e não há quem as detenha. O melhor, então, é cada um acomodar-se à que lhe coube em sorte. Quanto mais a repelir mais ela se lhe agarra. E o povo, na sua sabedoria, diz que as alcunhas não carregam!... Mas já me alonguei, quando o queria era deixar aqui bem claro que, ao proceder à sua recolha, me não moveu a menor intenção de melindrar seja quem for. Algumas dessas alcunhas assentam em pessoas minhas amigas e até em familiares meus. As outras, TODAS, em pessoas que respeito. Penso que todos saberão entender que este hábito de alcunhas é um dos aspectos do nosso folclore, da nossa cultura. Mas, para os mais susceptíveis de melindre, aqui fica o pedido de sinceras desculpas.
1 Há gente que se desunha Só porque tem uma alcunha Mesmo que posta sem mal; Mas a alcunha é marcante E o nome, mesmo sonante, Ao pé dela nada vale!
2 E vejam bem este rol A Borrega, o Espanhol, O Velhoz, a Cauteleira, Manjerico, João Bucha, Taberna e Estrabucha, Toca a Caixa, Tamanqueira
3 Poupa, Panças e pão mole, O Laparito, o Linhol, Fada, Feio e Ferrador, Pipa, Petinga, Paloca, Anafil, Bilda, Patoca, O Alçamassa, o Actor.
4 Balsa, Besoiro e Bicho, Pé Leve, à Noite, Pilricho, Tanga, Toutiço, Tonicha, Santa Sério e Sérita, Ginja, Jóia, Palalita, Taretachota, Taricha. 5 Arganil e Alfaiata, Galego, Grilo e Gata, Couve Couxa, Carquejal, Beiça, Bruto, Bacalhau, Carulho, Cara de Pau, Meio-Litro, Natural.
6 Diabo e Marinhais, Mágoa, Mokuna, Nadais, Saramago, Sem Pescoço, Cara Suja e Carica, Balalaica, Neco, Bica, Quilhocas, Doutor Caroço.
7 Carrucho, Pincha, Craveiro, Esfola Gatos, Azeiteiro, Cica da Borra, Charela, Falifa, Fadango, Fole, Panela, Maduro, Sol, Perra, Policia, Varela.
8 Sapata, Severo, Micas, Servata, Saboga, Nicas, Borracho, Machorro, Rato, Mestre, Melro, Manelão, Zé Padre e Sacristão, Zé Chofer, Fala Barato. 9 Zé gordo, Zampa, Zibrina, Vila Verde, Vitamina, Arraia, Giga, Zezão, Rói Merda e Retornado, Lainço, Açorda, Passado, Ilha, Abóbora, Baião.
10 Marganiça, Maçacoco, Seda, Sujo e Recoco, Fado Novo, Farinheira, Bochecha, Bonga, Canhoto, Alho, Mija e Piloto, Lexívia e Lavandeira.
11 Reco-Teco, Carapuça, Perna-Atrás, Pedro Lambuça, Ruça, Razões e Caréu, Calento e Caralhana, Pé de Rodo e Parrana, Vaca, Vicio e Piréu.
12 Guerra, Pateta, Póquita, Laulila, Tirabolita, Toureiro e Periquito, Meta, Veloz e Canum, Bagaceiro e Capadito. 13 Cuca, Chicharo, Pistola, Coelha, Pancho, Parola, Brutamontes, Chuta, Coxo, Cambóia, Mouco, Doninha, Mal Casado, Trigolinha, Alcofa, Pinto e Mocho.
14 Girassol, Gancha, Feião, Pipi-Eléctrico, Ingrão, Penacha e Parvalhaça, Bichaneira e Branquinho, Bronze, Mona e Passarinho, Nino, Barrão, Caralhaça.
15 Verruga, Cimento Armado, O Alavanca, o Torrado, Sarra Cornos, Cheira Lata, Come Tudo, Chica Boa, Ti Luiso, Alagoa, Santo Antoninho, Batata.
16 El Rodriguito, Miola, O Sobe e Desce, o Chirola, Salabardo, Ventaneira, Verdade, Quinze, Gaiteiro, Marzia e Nevoeiro, Maconca e Macieira. 17 Grande, Airoso, Tentilhão, Gago, Mudança, Mação, Sapa, Tição, Zé Pincel, Fresca, Malóis e Boneca, Nossa Senhora, Careca, Lontro, Arroja e Pastel.
18 Morte Branca, Travadinha, Mata o Pai e Avezinha, Menino de Deus, Párrita, Pim-Pim, Veneno, Tambor, Esticadinho, Pastor, Champalimaud, e Paíta.
19 Pilha Galinha, Viola, Zé dos Macacos, Pichola, Tarruta, Casamenteira, Lisboa e Carguilenha, O Titilirute e o Nhenha, Forja, Peles, Brasileira.
20 Bago de Milho, Africano, Zé das Obras e Cigano, Zé Ruim, Ralo, Ti Tonho, Renana, Miga, Palmeta, Bota Abaixo, Rabaneta, Pé Torto, Pêra, Zé Gonho. 21 Lembel, Quimbrão e Lavada, Chibanga, Gato, Cagada, Zé Trinta, Xicão, Tosquinha, Kopa, Arego, Fura-Feno, Rabé, Pegacho, Sereno, Cicharro, Estoque, Galinha.
22 Vareta, Triste, Pirisca, Paneireiro e Petisca, O Concertina, o Moita, Seruga e Rés do Chão, Salitrosa, Narigão, Picha de Lata, Mosquita.
23 Vadio, Porrete, Actual, Marranconho, Carnaval, Chavelharia, Lapão, Pivete, Alcorriol, Alistar, Zé Bom, Macol, Vira Milho e Picão.
24 Cu da Mula e Gigante, Grincho, Tapada, Presante, Bate Estacas, Albardeira, Bonanza, Insiste, Pau Preto, Manha, Faísca, Gineto, Abrenúncio, Cascalheira. 25 Tubarão do Tejo e Bola, Zé Velho, Ameixa, Carola, Calça Arregaçada, Marquês, Piquinha e Sabichão, Catrino e Zé Mancão, Preta, Pachão e Inglês.
26 Talvez haja outras tantas, Mas ninguém sabe quantas Há ao certo por ai, Por ser já bonita a conta Dou a lista como pronta, Vamos ficar por aqui!... de: DIAMANTINO ALMEIDA http://masofi-01.spaces.live.com

Sem comentários: